Ingresar a RIMA

Regístrese

  • Por favor ingrese su Código Llave

 

REVISTA CLINICAL INFECTIOUS DISEASES
Chagas: o número de crianças infectadas diminuiu, porém a transmissão congênita segue sendo alta
O mal de Chagas se mantém como um problema grave de saúde pública na América Latina.


Apesar da proporção de crianças infectados pelo T. cruzi com sinais clínicos ter diminuído desde a década de 1990, quase um terço dos neonatos infectados com Trypanosoma Cruzi apresentaram sinais atribuíveis à doença de Chagas congênita, porém nenhum apresentando-se gravemente doente. Portanto, a doença de Chagas congênita sintomática não desapareceu, representando um problema significativo de saúde pública não reconhecido em zonas endêmicas da América Latina.

Isto é o que sugere o estudo "Toward Improving Early Diagnosis of Congenital Chagas Disease in an Endemic Setting", elaborado pela London School of Hygiene and Tropical Medicine, United Kingdom;  pela Johns Hopkins  Bloomberg School of Public Health, Baltimore, Maryland; pela Universidade Peruana Cayetano Heredia, Lima, Perú; pelo Hospital Universitario Japonés, Santa Cruz e pelo Hospital Municipal Camiri, Plurinational State of Bolivia, entre outros.

Estima-se que a transmissão congênita do Trypanosoma Cruzi representa 22% das novas infecções, o que figura um importante problema de saúde pública na América Latina. O tratamento durante a infância é altamente eficaz e bem tolerado, porém os ensaios atuais para sua detecção precoce  no detectam mais de 50% dos neonatos infectados e o seguimento aos 9 meses é baixo.

As mulheres que se apresentaram para o parto em 2 hospitais urbanos do Departamento de Santa Cruz, Bolívia, realizaram teste rápido para identificação da doença. As amostras de lactentes de mulheres infectadas foram analisadas mediante microscopia (micrométodo), Reação de Cadeia de Polimerase quantitativa (qPCR, sigla em inglês) e imunoglobulina (IgM) com antígenos excretados (TESA) ao nascimento e ao completar 1 mês de vida e por sorologia de IgG aos 6 e 9 meses.

Como resultado do estudo, entre 487 lactentes de 476 mulheres soropositivas, foi detectada infecção congênita do T. cruzi em 38 lactentes de 35 mães (7,8%). No sangue do cordão, as sensibilidades/especificidades qPCR, TESA-blot e micromethod foram de 68,6% / 99,1%, 58,3% / 99,1% e 16,7% / 100%, respectivamente. Quando se combinaram os resultados de nascimento e de 1 mês, as sensibilidades acumuladas alcançaram 84,2%, 73,7% e 34,2%, respectivamente. Foi informado o baixo peso ao nascer e/ou dificuldades respiratórias em 11 (29%) dos crianças infectadas. Os lactentes com sinais clínicos apresentavam cargas parasitárias mais altas e eram significativamente mais prováveis de ser detectados por micromethod.

Como conclusão do estudo, encontrou-se que a proporção de crianças infectadas por T. Cruzi com sinais clínicos tem diminuído desde a década de 1990, porém a doença congênita sintomática de Chagas segue representando um problema de saúde pública significativo, ainda difícil de detectar. Os métodos moleculares poderiam facilitar um diagnóstico mais precoce  e abater a perda de seguimento, porém seguem sendo logisticamente e economicamente proibitivos para a detecção sistemática em entornos com recursos limitados.

As iniciativas exitosas de controle regional tem reduzido drasticamente a prevalência da doença de Chagas de estimadamente 18 milhões em 1990 para menos de 6 milhões de infecções em 2015.

A região do Gran Chaco boliviano apresenta a maior soroprevalência de Trypanosoma Cruzi no mundo. Nesta região, a maioria dos adultos estão infectados, entre eles, 20% -50% das mulheres em idade fértil. As mulheres infectadas continuam com risco de transmissão vertical ao longo de seus de procriação, mantendo assim o ciclo através de gerações ainda que em ausência do vetor.

Sem tratamento, 20% a 30% das infecções crônicas por T. Cruzi evoluem para cardiomiopatia irreversível, potencialmente fatal e/ou doença gastrointestinal. Supõe-se que a infecção congênita apresenta o mesmo risco em longo prazo.