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INFORMATIVO DA THE LANCET
Indivíduos que vivem em bairros da periferia apresentam saúde muito pior do que a de habitantes de zonas mais urbanizadas.
As condições de vida em bairros marginais afetam negativamente a saúde em vários aspectos.


Os indivíduos que vivem em bairros marginais apresentam uma saúde muito mais fragilizada do que aqueles que vivem em zonas urbanas, apresentando, inclusive, piores resultados de saúde que aqueles indivíduos de iguais condições econômicas, mas que vivem no campo.

Isto é o que afirma o estudo "The history, geography, and sociology of slums and the health problems of people who live in slums" elaborado pelo African Population and Health Research Centre de Kenya, da universidade de Witwatersrand da África do Sul e pela universidade de Warwick, Grã-Bretanha.

Aproximadamente 881 millones de pessoas em todo el mundo vivem em bairros marginais de acordo com a UN Habitat, um número que estima-se aumentará para  quase e bilhões nos próximos 30 anos devido à contínua urbanização e crescimento natural da população.

O estudo descreve como o entorno físico e social compartilhado nos bairros marginais cria uma combinação única de ameaças para a saúde, distintas das encontradas nas zonas urbanas não marginais ou rurais.

O saneamento inadequado e o mau abastecimento de água potável predispõem a doenças diarreicas e ao reservatório de vetores de doenças infecciosas como a dengue e a leishmaniose. O ambiente físico deixa a população vulnerável ao fogo, ao clima extremo e a violência. O aglomeramento contribui para uma alta prevalência de tuberculose e insegurança alimentar.

O relatório também adverte que muitos governos não identificam os bairros marginais como regiões diferentes de outras zonas urbanas nos censos nacionais, o que evita la avaliação específica da necessidade e a eficácia das medidas de melhora da saúde nessas áreas.

É difícil mensurar a expectativa de vida das pessoas que vivem na periferia porque elas se encontram em constante movimento e podem regressar às zonas rurais ao final da vida. Entretanto, a mortalidade infantil é mais fácil ser determinada.  No Kenia, no Equador, no Brasil, no Haiti e nas Filipinas existe uma maior mortalidade infantil e neonatal nas favelas, em comparação às zonas rurais. Quando as crianças são transladadas do campo para bairros da periferia tornam-se mais vulneráveis imediatamente após sua chegada, presumivelmente por apresentar pouca imunidade contra os organismos em sua nova vizinhança.

As infecções gastrointestinais são muito frequentes nas periferias e as crianças menores de 5 anos mostram-se especialmente vulneráveis. A cólera consiste em  uma das infecções mais preocupantes e suas principais causas são a falta de saneamento básico (esgoto e água potável) nos bairros vulneráveis.  O acúmulo de lixo e as condições precárias de vida constituem zonas de proliferação de parasitas e vetores de doenças. Adengue e a leptospirose são algumas das principais preocupações.

A desnutrição é a principal causa indireta de mortalidade e morbidade na infância. A má nutrição, por exemplo, se associa com diarreia recorrente em crianças, o que leva a um crescimento atrofiado e pode impedir um bom desenvolvimento mental. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e o aleitamento materno parcial de 6 a 23 meses reduzem a incidência e a mortalidade por diarreia e pneumonia, bem como a mortalidade em geral, porém as taxas de amamentação são baixas nestas áreas de periferia.

Nestas zonas os índices de acidentes domésticos (como queimaduras por los precários métodos de cozimento dos alimentos) e  as lesões por violência também se mostram mais elevados. As condições de vida e de trabalho nos bairros marginais predispõe ao estresse, e este provoca transtornos psicológicos. Detectou-se ainda uma maior incidência de doenças não transmissíveis como a asma, o sobrepeso e a obesidade. Outras doenças como o câncer e a diabetes estão pouco documentadas nestas áreas.

O assunto requer melhores estudos sobre a saúde na periferia. Este relatório afirma que deve-se estudar mais especificamente a saúde dos bairros marginais por serem espaços onde provavelmente existam efeitos como contaminação fecal do meio ambiente, acúmulo de lixo, contaminação de água, aglomeramentos, moradias precárias, perigos físicos (inundações e incêndios), e a contaminação ambiental interna e externa.  Existem ainda determinantes mais genéricos da saúde tais como a insegurança laboral, a falta de recursos, o transporte deficiente, a estigmatização e as estruturas sociais dentro das favelas, que variam de solidárias a altamente tóxicas. Portanto, nestas zonas de vulnerabilidade econômica e sanitária são necessários mais estudos e medidas específicas.