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Diagnosticar e não ressecar, uma alternativa para tratar alguns tipos de câncer de cólon
Isso se baseia em uma baixa progressão para neoplasia colorretal avançada.
Pesquisadores do National Cancer Center, em Tóquio (Japão), realizaram um estudo de cinco anos para avaliar os programas de triagem de câncer colorretal (CCR). Os resultados sugerem que a estratégia "diagnosticar e não ressecar" pode ser proposta como uma opção para o tratamento de adenomas não avançados de cinco milímetros (minúsculos)
“Incidence of Advanced Colorectal Neoplasia in Individuals With Untreated Diminutive Colorectal Adenomas Diagnosed by Magnifying Image-Enhanced En-doscopy” (The American Journal of Gastroenterology. 2019;114: 964-973.).
O câncer de cólon e retal - ou seja, o trato final do sistema digestivo conhecido como colorretal (CCR) - é, de acordo com a American Cancer Society, a principal causa de morte por câncer nos Estados Unidos. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) afirma que a incidência de câncer de cólon em pacientes com menos de 50 anos tem aumentando a uma taxa de 3,4% ao ano no Canadá, 3,1% na Dinamarca e 2,9% % na Austrália e Nova Zelândia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2030 haverão 60% a mais casos desse tipo de câncer na América Latina.
Os especialistas recomendam a remoção de todos os pólipos adenomatosos durante as colonoscopias (COS) para reduzir sua incidência e mortalidade. Entretanto, dada a tendência considerável de maior detecção de pequenos adenomas colorretais, e de acordo com este estudo recente, a estratégia de gerenciamento ideal para esses casos deve ser reconsiderada.
O perfil
Dos 1378 participantes, 633 eram mulheres e 745 homens, todos com idades entre 40 e 70 anos. Nenhum indivíduo apresentava doenças inflamatórias intestinais, história familiar de CCR hereditário ou história de ressecção intestinal. A idade, índice de massa corporal e proporções de participantes do sexo masculino e fumantes atuais foram significativamente maiores.
Os participantes com adenomas minúsculos não maiores que 5mm, detectados em suas COS pela primeira vez e não tratados, faziam parte do grupo A (508 foram detectados antes do início do estudo, o que significa uma média de um adenoma minúsculo não tratado em cada uma das pessoas deste grupo e 335 participantes (92,8%) tinham menos de três pequenos adenomas); enquanto participantes saudáveis pertenciam ao grupo B. Assim, 361 foram designados para o grupo A e 1.017 para B, respectivamente.
Para cada sessão, várias imagens endoscópicas foram realizadas e salvas para comparação e revisão nas sessões subseqüentes. Assim, a avaliação da progressão dos adenomas foi realizada rotineiramente por 39 endoscopistas com vasta experiência em diagnóstico por imagem (DI), todos certificados pela Sociedade Japonesa de Endoscopia Gastrointestinal e com mais de 1.000 COS realizadas antes do estudo
Os resultados
A colonoscopia consiste no método mais sensível e específico para a detecção de pólipos e câncer colorretal. É o exame favorito para a avaliação subsequente de pacientes cujo exame de sangue nas fezes foi positivo. Entretanto, o desenvolvimento de novos endoscópios de alta resolução e amplificação, com a aplicação de técnicas de coloração, permite a detecção de pequenas lesões e pólipos superficiais. Portanto, e de acordo com os resultados deste estudo, o diagnóstico endoscópico de alta qualidade é essencial na adoção da estratégia "diagnosticar e não ressecar" aplicada a pequenos adenomas.
De acordo com os autores, durante os 5 anos do estudo, 21 casos de neoplasia colorretal avançada (NCA) foram detectados em 18 indivíduos e 112 adenomas colorretais não avançados, de 5mm, em 98 indivíduos. Nenhuma das lesões evoluiu para NCA durante o período de acompanhamento, e todas as NCAs detectadas foram diagnosticadas em um local diferente do original. Mais da metade dos pequenos adenomas não tratados (325 lesões, 64%) permaneceram como não avançados nos COS subsequentes.
Os resultados do estudo mostram que o tabagismo está associado a uma maior incidência de NCA. O tabagismo é um fator de risco bem conhecido para neoplasias colorretais, bem como outros fatores de risco, como idade, sexo, índice de massa corporal e histórico familiar de CCR.
Hábitos para redução do risco de CCR
Números da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 60% das mortes por câncer de cólon poderiam ser evitadas com a descoberta precoce e que 25% das pessoas diagnosticadas com esse tipo de câncer têm um histórico familiar relacionado a algum tipo de tumor
A alta incidência de CCR em nosso meio e a evolução contínua em todos os aspectos relacionados à prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer colorretal tornam necessário levar em consideração as três medidas preventivas mais eficazes: Prevenção primária, com dieta e hábitos saudáveis, como alto consumo de frutas e legumes frescos, redução de dietas muito calóricas, não fumar, evitar a obesidade e praticar exercícios físicos; realizar um diagnóstico precoce, isendo ndicado em homens e mulheres saudáveis entre 50 e 69 anos; além do aconselhamento genético, útil para pessoas com histórico familiar de CCR ou polipose.
Como afirma a Sociedade Espanhola de Oncologia Médica, “o câncer consiste, em conjunto com as doenças cardiovasculares, o problema de saúde pública mais importante atualmente no mundo. Dado o importante papel que vários fatores externos exercem em seu desenvolvimento, parece claro que estratégias destinadas a melhorar a prevenção do câncer podem auxiliar na redução desses números de incidência e mortalidade. ”
REFERÊNCIAS
Selogichi M, Otake Y and Kakugawa Y. Incidence of Advanced Colorectal Neoplasia in Individuals With Untreated Diminutive Colorectal Adenomas Diagnosed by Magnifying Image-Enhanced Endoscopy. The American Journal of Gastroenterology. 2019;114: 964-973.