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Artigo publicado no Annals of Otology, Rhinology & Laryngology
Divisão do septo caudal com interposição de enxerto: nova técnica para desvio grave de septo nasal caudal
Uma possivel alternativa às técnicas cirúrgicas clássicas em pacientes selecionados


A etiologia mais comum do desvio caudal septal é devida a malformações congênitas (em muitos casos com forte carga genética) ou trauma sofrido em qualquer estágio da vida. Essa patologia é muito comum e, em grande número de casos, não requer tratamento por ser assintomática. Entretanto, também pode representar problemas de obstrução nasal, o que torna o paciente mais predisposto a sofrer de outros problemas otorrinolaringológicos, como sinusite ou epistaxe.

O desvio caudal septal grave pode estar associado a grandes obstruções das vias aéreas, deformidades estéticas e alterações da base do nariz. Se forem utilizadas técnicas convencionais, que incluem enxertos, incisões de pontuação, técnica de corte e sutura, a maioria dos casos pode ser corrigida. Entretanto, para alguns casos as écnicas convencionais demonstram-se insuficientes, podendo oferecer resultados insatisfatórios.

Para oferecer uma abordagem cirúrgica nova e eficaz para o desvio caudal septal, especialistas em Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Shin Ae Kim (Hospital da Universidade Soon Chung Hyang em Seul) e Yong Ju Jang (Centro Médico Asan em Seul) ), publicaram o estudo “Caudal Septal Division and Interposition Batten Graft: A Novel Technique to Correct Caudal Septal Deviation in Septoplasty.” (Ann Otol Rhinol Laryngol. 2019 Dec;128(12):1158-1164), na qual examinam a divisão caudal septal e a interposição de enxertos como alternativa terapêutica em pacientes com desvio grave.

Os especialistas buscaram criar uma estrutura reta, onde a base está localizada na linha média, forte o suficiente para suportar o peso da ponta nasal. Essa estrutura é mais grossa na base e diminui gradualmente à medida que atinge o topo. Para isso, utiliza-se um enxerto de cartilagem autóloga da estrutura nasal, que é suturada (4 a 7 pontos com fio de polidioxanona) ao fluxo septal após corte e sutura. Dependendo do grau de desvio e dos problemas associados, pode ser necessária a colocação dois enxertos, um de cada lado do fluxo septal. Essa técnica permitiu dar a altura necessária à ponta do nariz, de acordo com as necessidades de cada paciente, enquanto mantêm abertas as vias aéreas entupidas.

O estudo teve uma amostra de 29 pacientes, dos quais 25 eram homens e 4 mulheres. A idade média no momento das intervenções era de 33,4 anos (a faixa etária dos pacientes era de 18 e 60 anos). Além disso, 20 deles apresentavam rinite alérgica e 7 foram submetidos a cirurgia de revisão. As intervenções ocorreram entre janeiro de 2016 e março de 2018. Todos os casos foram revisados retrospectivamente.

12 dos pacientes (41,4%) necessitaram de enxerto de dupla interposição para alcançar os resultados desejados devido à gravidade do desvio. Os procedimentos cirúrgicos concomitantes foram turbinoplastia ou cirurgia de cornetos (12 pacientes) e cirurgia de seios paranasais por endoscopia (3 pacientes, equivalemtes a 10,3% da amostra).

Para avaliar objetivamente o prognóstico, foram tiradas fotografias por endoscopia nasal no pré e pós-operatório. Após a operação, 26 pacientes (89,7%) apresentaram septo reto, enquanto apenas 3 (10,3%) apresentaram melhora com algum desvio residual. As imagens obtidas mostraram que nenhum dos pacientes do estudo apresentou alteração na estrutura fixada após a intervenção no processo pós-operatório.

A satisfação do paciente e a melhora dos sintomas também foram avaliadas através do uso da qualificação de sintomas de obstrução nasal (NOSE). A primeira avaliação da sintomatologia foi realizada 2 meses após a intervenção cirúrgica por telefone. A segunda, realizada entre os 15 e 40 meses pós procedimento, foi realizada com base em questionário respondido via web.

Apenas 19 dos pacientes incluídos no estudo participaram da pesquisa de satisfação realizada 2 meses após a intervenção. Destes, 8 (42,1%) afirmaram sentir-se "muito melhores"; 9 (47,4%) indicaram que a intervenção "melhorou" seus sintomas; 1 (5,3%) argumentou que não encontrou nenhuma mudança; e 1 que seus sintomas foram "piores".

Quanto à pesquisa de avaliação de sintomas em longo prazo, esta foi respondida apenas por 12 pacientes. A satisfação subjetiva foi "muito melhor" em 3 pacientes (25%), "melhorou" em 7 (58,3%). Apenas 1 paciente (8,3%) referiu "sem alteração" e o último indicou que passou a se sentir "pior".

Esta nova técnica analisada, apesar de semelhante a outras técnicas utilizadas para o tratamento de desvio grave do septo nasal, tem como vantagens da divisão caudal septal e interposição de enxertos a facilidade do ajuste transcirurgico da altura do septo caudal, para obter um resultado mais estético. Entretanto, devido a pequena amostra e a dificuldade de intervenção, se fazem necessários mais estudos para demonstrar que consiste em uma técnica representativamente vantajosa e significativa sobre as demais tecnicas utilizadas até o momento.

Kim S and Jang Y. Caudal Septal Division and Interposition Batten Graft: A Novel Technique to Correct Caudal Septal Deviation in Septoplasty. (Ann Otol Rhinol Laryngol. 2019 Dec;128(12):1158-1164).